Mundo Dobrado Site: # Sadako Sassaki, o Tsuru e a Lenda

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A Hitória De Sadako Sassaki

Sadako Sassaki tinha dois anos, quando a famosa bomba atómica foi lançada em Hiroshima pela aviação norteamericana.Morava com os seus pais e irmãos e,aparentemente, não sofreu grandes danos. Porém, os frutos desse dia, criaram raízes delicadas e só germinaram no corpo dela, dez anos depois do acontecido.

A história de Sadako Sassaki é uma das histórias mais conhecidas no Japão, país onde a menina representa um ícone para as crianças em prol da paz mundial.Desde criança Sadako nutria gosto pela corrida.

Com o passar do tempo, correr revelou-se uma habilidade que ela dominava muito bem. Ela treinava sempre que tinha oportunidade, percorria os arredores do bairro pela manhã,

praticava na pista do colégio e apostava corridas com os irmãos diariamente.Um dia Sadako recebeu uma noticia que iluminou as suas feições e inundou-a de ansiedade.Entrou em casa radiante para contar a novidade à família.

Ela tinha sido selecionada para participar numa corrida com a equipe da escola e, se ganhasse, integraria a equipe definitivamente. Isso era o que Sadako mais desejava na vida! Passou desde então a redobrar os treinos e estava absorvida no objectivo de melhorar o seu tempo.

Fantasiava com o sonha do título de membro da equipa.O dia da corrida chegou e com ele todos os sonhos e temores de Sadako. Às vezes grandes pessoas passam por provações maiores ainda. É provável que naquele dia

Sadako tenha sentido no ar o cheiro amargo do que estava por vir.

Uma multidão esperava para assistir às provas.Sadako sentia um aperto no peito característico da expectativa. Quando soou o sinal de partida,ela correu com tudo que pode. Mas no fim da prova seu coração doía.

Sentiu-se mal, tinhavertigens e não ouviu o anúncio final que comunicava a vitória da sua equipa. Ao seu redor as colegas gritavam e abraçavam-se. Sadako, sacudindo a cabeça uma ou duas vezes, sentiu o malestar dissipar-se.

Assim, passou a festejar, ignorando o começo do seu fim.Sadako passou o Inverno daquele ano empenhando-se para melhorar o seu tempo, mas às vezes,quando corria demais sentia novamente aquele mal estar. Ela fez disso o seu segredo e estavadecidida a não revelá-lo.

Sadako perdeu os seus sonhos num dia frio de Inverno. Treinava no colégio quando começou a ver as coisas rodarem e caiu no chão. Um professor que transitavapelo local correu para socorrê-la. Ela tentou levantar-se, mas não conseguiu.

Então, avisaram o pai dela, o senhor Sassaki, que imediatamente a levou ao hospital.Sadako sentia medo, principalmente porque sabia que uma parte do prédio era reservada para osque sofriam da doença da bomba.

O temor sobre essa enfermidade sempre esteve presente nosespaços mais íntimos e sóbrios das mentes dos japoneses, e a família de Sadako não era uma excepção. Todos sabiam que após a explosão da bomba atómica o ar

havia ficado envenenado,saturado de radiações, e os japoneses ainda morriam dos males decorrentes dos gases tóxicos.Mesmo com o passar de nove anos, eles tinham consciência que ainda respiravam os resquícios eque não havia como escapar.

Vários médicos examinaram a menina e, por fim deram o temido diagnóstico: leucemia. Sadako ouviu apavorada, como é que ela poderia ter essa doença se a bomba nem sequer tinha encostado nela? Naquela tarde, Sadako recebeu visitas, entre elas a sua melhor amiga Chizuko.

A menina mostrou a Sadako grandes folhas de papel colorido e tesoura. Pegou num dos pedaços de papel,grande e dourado, e dobrou-o diversas vezes até que ele formasse um pássaro. Era um grou.Então Chizuko explicou a Sadako a lenda dos grous.

Dizem que eles vivem mil anos e, se umapessoa dobrar mil aves, os deuses escutarão suas preces. Ela deu o grou a Sadako e o pássaro não saiu mais da sua mesa de cabeceira. Nascia ali uma pequena centelha de esperança.

Ela passou aempenhar-se em confeccionar os mil grous, na perspectiva que os deuses a curassem. E os pássaros começaram a ocupar espaço e seus familiares começaram a pendurá-los no teto doquarto de Sadako.

Parentes, médicos e pacientes, sabendo do seu intento passaram a doar todos os tipos de papel.Assim nas horas de solidão, ela mantinha-se optimista e esperançosa dobrando papéis etransformando-os em aves e desejos.

Sadako também escrevia muitas cartas para os amigos,onde expunha os seus pensamentos e seu estado físico. Mas a doença tomava as suas forças diaapós dia, e ela já sofria com enxaquecas terríveis e sentia os seus ossos arderem.

Tinham muitas vertigens, e por vezes passava os dias prostrada na cama, sem se mover, sem se alimentar ou dobrar novos grous. Dessa forma tudo na sua vida foi restringido. Inclusive as visitas, que agora só eram autorizadas aos seus pais e irmão mais velho.

Mas os esforços dos que amavam Sadako perduraram mesmo diante das limitações do seu estado de saúde.Por não poderem vê-la, e com esperança de animar a menina, os seus amigos prepararam uma surpresa:

juntaram dinheiro e mandaram-lhe uma boneca kokeshi de sorriso melancólico, a qual Sadako gostava muito. A mãe ciente de que a filha não se alimentava direito comprou todos ospratos que ela mais apreciava e ofereceu-lhe um jantar surpresa no hospital.

Mas a menina não comeu e não teve forças para brincar com a boneca. Ela reservava todos os resquícios de forçaspara dobrar mais aves.Sem saber quando ela fez o grou número 644, estava a fazer a sua última ave. Sadako Sassakimorreu em 25 de Outubro de 1955.

Os seus colegas de turma dobraram o restante dos grous paraque ela fosse enterrada com os mil pássaros. E posteriormente, a sua turma publicou um livrointitulado Kokeshi em memória da boneca que Sadako gostava tanto.

Desde então, Sadako tornou-se num ícone japonês da luta em prol da paz mundial. E jovens emtodo o Japão uniram-se a fim de arrecadar fundos para construir um monumento que eternizassea memória das crianças mortas pela bomba atómica.Hoje, no parque da paz em Hiroshima, existe uma estátua de Sadako com um grou de ouro nas mãos. E, gravado na sua base está escrito: